sábado, outubro 08, 2005

É

Meu professor de sociologia esbravejou contra a Veja, acusando-a de ser uma revista que tem uma opinião - supremo sacrilégio contra a sagrada acomodação mental - e de querer tentar convencer os seus leitores - como alguém pode ser tão mal e mesquinho? Não foi só ele, várias pessoas acusaram a Veja em algo nesse sentido, a galera da paz chegou a tentar tirá-la das bancas.
No Brasil é uma insanidade ter opiniões claras, e tentar convencer os outros das suas opiniões é quase crime! Em cima disso são criadas várias posições artificiais e tomadas atitudes covardes e imbecis enquanto o bom debate inexiste e se perde o crescimento. Cada um deve ter sua própria letargia mental, que por acaso é a mesma de todos e qualquer resistência é imperdoável!
Eu mesmo muitas vezes já fui chamado de dono da verdade, intolerante e outras baboseiras, simplesmente pelo fato de não concordar em nenhuma hipótese com o que a pessoa estava dizendo! O brasileiro não discorda, tem nojo do não, para ele é o sim! Até mesmo os professores são estimulados a não corrigir os erros dos seus alunos, em uma posição de defesa da democracia e contra a intransigênciado ensino tradicional em impor sua verdade! Convencer seria uma violência contra a culturalidade e intelectualidade da outra pessoa. O correto é eu achar "b", você achar "c" e nós dois acharmos que estamos certos!
Afirmar suas convicções e tentar convencer alguém é o melhor modo de aperfeiçoar suas idéias e chegar próximo da Verdade. É também um ato de amor, pois se quer mostrar à pessoa aquilo que é real e tem validade para nós.
Infelizmente pessoal, a Verdade reina, não é eleita. Ela é uma, não várias e discorda intransigentemente de todo tipo de erro. Só vamos descobri-la pela prática da racionalidade no discurso e no amor da discussão.
Abraços de Tamanduá

5 Comments:

At 4:56 PM, Anonymous Anônimo said...

Realmente me espantei com essa história dos professores...
É como diz meu professor de geografia, "Brasil! Um país de tolos." x)

 
At 8:54 PM, Blogger Santa said...

Muito bom seu texto! O tema é muito mais grave ainda. Quando a questão está no meio universitário, fica ainda mais claro - pensamento calcado em um purismo tecnicista. Em nada transgride.

 
At 12:55 AM, Anonymous Anônimo said...

Sou obrigado a discordar em parte com seu texto [apesar deste ser muito bom], no que se refere a revista veja, que pela propria condição de abrangencia nacional e carater jornalistico que possui [principalmente] não deveria emitir uma opinião, e quando faz isso, o faz naquelas colunas de Diogo Mainardi e cia. Hum, não posso dizer se o texto foi ou não imparcial neste sentido, pois não o li, mas talvez por ter abordado so um ponto da coisa, veio a ser tendencioso e opinativo. Caso isso aconteceu, a revista errou, pois como já disse, em sua condição jornalística, fatual, deveria apontar com a maior clareza de detalhes os pontos verdadeiramente relevantes das duas frentes. Isso é um velho problema do pessoal de jornalismo, e com certeza, como foi dito no horario politico, a revista influenciou muitas pessoas a favor do 'Não' por ser 'a publicação semanal mais importante do país' ou algo do tipo. A opinião dos leitores deve ser formada a partir do confrontamento dos pontos verdadeiramente importantes, e só a ele cabe decidir o que fazer. Isso me lembra uma outra discussão, que o pessoal do 'Não' levantou: eles reclamaram do uso de artistas na campanha do 'Sim'. Com certeza aquelas pessoas ao emitirem sua escolha influenciaram muitas pessoas, imagino que voce concorde, ao verem por exemplo Chico Buarque dizendo que vota 'Sim'. Por isso deve se ter um pouco de cuidado. As pessoas podem e devem até tentar influenciar as outras para fazer valer sua opiniao, mas precisam saber como e por qual meio fazer isso.

Com relação ao resto, concordo plenamente, só não entendi propriamente esta história de amor. A Verdade é una.
[ai acho que me perdi um pouco neste texto, e me deu uma preguiça no final... :S] Abraços!

 
At 10:23 AM, Blogger Luiz Augusto Silva said...

Eu não reclamo da participação dos artistas no "Sim", Diogo, acho perfeitamente normal. Uma pessoa não deve se escusar da responsabilidade que seu respeito e admiração concedem.
Isso vai ainda mais longe no caso de uma revista, o texto foi sim, opinativo, e daí? Devia a Veja cruzar os braços quando pensa que seus leitores estão sendo enrolados pelo governo? Da mesma forma deve um artista se calar quando acha que a venda legal de armas ameaça a integridade da sociedade onde vivems eus fãs?
A revista não tem curso forçado, não tem financiamento público (pelo menos acho) e não agrediu a verdade, vivemos em um país livre e não somos "tendenciosos", o que temos é opinião e vontade de compartilhá-la.
A revista não tirou o direito de ninguém de rejeitá-la e criar, com base em outras fontes, argumentos capazes de confrontá-la e até publicou cartas do "SIM" (o que não precisava fazer).
O grande problema do Brasil, Diogo, é que pessoas que pensam como você acham que o povo será automaticamente guiado pelas palavras dos mais sábios e isso seria uma violência, da qual o Estado tem que protegê-las. Dessa forma cria-se a censura e a defesa da ignorância dos miseráveis que nem podem pensar, nem querem ser incomodados pela violência da inteligência alheia.
Vão ser guiados? sempre foram, o mudno é assim: o néscio serve ao sábio.
Abraços de Tamanduá

 
At 7:59 AM, Blogger Verbi Gratia said...

La verdad es lo que es
y sigue siendo verdad
aunque se piense al revés.


Antônio Machado

----

Forte abraço,
MV

----

Fonte da citação:
http://www.marciosantana.blogspot.com/

 

Postar um comentário

<< Home