sábado, outubro 15, 2005

Húngaro

Debate sobre o "referendo do desarmamento" no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Um cientista político, o Deputado Estadual Guilherme Uchôa e um derrotado candidato a vereador. Debate ridículo, começa logo que nem o ex-vereadorável (essa foi forte hein?) nem o deputado deviam estar lá, mas como Raul Jungmann e Henrique Queiroz que deviam estar não estavam, eles foram.
Para bem dizer, todos eram a favor do desarmamento, todos eram socialistas e todos tinham parte na grande unidade de pensamento que forma o Brasil, mas o deputado e o cientista achavam muito radical a posição do governo, somente isso.
A parte boa ficou por conta de um associado de clube de tiro, das tiradas sarcásticas de um policial militar sentado no fundão e da zombaria geral quando restou ao ex-candidato falar que Chico Buarque os apoiava.
A melhor parte ficou por conta de uma figura bastante peculiar. Estudante de artes cênicas, cerca de 30 anos contados, cabelão preso, olhos minúsculos, óculos gigantescos, calça na altura do umbigo com um cinto surrado e camisa de surfista. Tentarei transcrever abaixo a sua fala, que deveria arrancar aplausos da platéia, que era em peso partidária do "não", não fosse pelo detalhe do estudante fazer segui-lo uma denúncia sobre o Comunismo, Lula, Chávez, Castro et caterva. Parece que ainda não conhece bem as universidades brasileiras.
"Eu queria perguntar aqui ao pessoal que defende o "não": por que eles são tão pragmáticos? Por que não discutem questões mais sensíveis, sobre moral, sobre direito, mas os da Lei Natural, não esses? Quem defende o "sim" quase sempre insiste nas pessoas de bem que reagiram a um investida crminosa e se deram mal. Eu gostaria de dizer a vocês, que esse pessoal que reagiu e morreu, ou foi baleado; eles que morreram, não são otários. Toda vez que uma pessoa reage os bandidos ficam mais temerosos, sabem que não estamos de mãos atadas, aguardando para sermos suas vítimas. Quando um homem reage, ele não é otário, ele representa ali a sociedade lutando contra o crime, a família lutando contra o caos, o bem - desculpem se isso parece antiquado - contra o mal. Esses homens não são otários, eles são heróis."
Me cheguei a ele, depois de terminada a fala, e depois de conversar uns dois dedos alertei:
- "Isso aqui tem muito comunista", questionando " de onde você é ?"
- "Hungria, 45 anos de domínio soviético, parece que vocês vão ter que aprender pela experiência mesmo"

3 Comments:

At 5:48 PM, Anonymous Anônimo said...

O comentário dele contigo foi realmente "de peso"...
Mas, não sei bem se essa reação das "pessoas de bem" intimida mesmo os ladrões.
Até onde eu sei, os ladrões não têm um "sindicato" pra discutir como tá a situação atual do crime e da sociedade... Se uma pessoa reage a um assalto, talvez o ladrão comente com 2 ou 3 comparsas seus, mas a história pára por aí. Não vai haver uma grande manchete no jornal da comunidade dizendo "Playboy reage a assalto e acaba com 2 buracos na testa". Isso não conta nas estatísticas (inexistentes, por sinal) dos criminosos. Pra eles foi só mais um mané que tentou dar uma de esperto pra cima deles. E vai ficar por isso.
Ladrão nenhum vai começar a juntar fatos e supôr que está havendo uma reação em massa dos cidadãos de bem contra os bandidos. É só mais um despachado durante o trabalho ;)

 
At 5:55 PM, Blogger Luiz Augusto Silva said...

Os acontecimentos correm a cavalo, notícias nunca precisaram de jornal, situação não precisa ser mostrada em sindicato.
Nesse momento, por exemplo, qualquer cheira-cola sabe que a população está tão assustada que basta ameaçar com um graveto que a pessoa se caga de medo e entrega até as calças.
Ingenuidade sua, Luca, supor que coisas como essas não tem repercussão.

 
At 6:10 PM, Anonymous Anônimo said...

Ia responder por aqui, mas a discussão no msn tá mais interessante ;)

 

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